O canto gregoriano

Fonte: Distrito de Espanha e Portugal

Quando a Missa começa, começa também o canto. Os fiéis que, pelo seu carácter baptismal e pela consagração do santo crisma, são chamados todos os domingos a tomar parte na divina liturgia, são convidados a cantar, cuja importância gostaríamos de agora explicar. Tomamos emprestado o conteúdo destas reflexões de Bertrand Décaillet.

A primeira coisa a compreender é que a cerimónia central do culto do Novo Testamento é a Missa cantada do domingo (e das festas). A Missa rezada, recolhida e tranquila, onde me sinto bem, é perfeita para a minha devoção durante a semana. Não é suficiente para a Igreja e o Espírito Santo, cuja preocupação é honrar a Deus na perfeição de Cristo.

De onde vem o canto gregoriano? Vem do Papa São Gregório Magno, tal como a Missa de São Pio V vem do Papa São Pio V. Por outras palavras, o canto é anterior a São Gregório (papa até 604), que reuniu todo o repertório disperso do canto sacro romano num único volume (Antifonário). Este santo papa fundou a «escola dos cantores» e, nessa altura, os papas enviavam missionários sempre acompanhados por cantores. Quanto ao Antifonário original de São Gregório, não só foi honrado como uma relíquia preciosa, como também foi preso por uma corrente de ouro ao altar de São Pedro, em Roma. Porquê? Dom Guéranger diz: «Acredito na inspiração do canto gregoriano.» Inspiração do texto e da música.

Os homens que escreveram os textos são os santos pontífices dos três primeiros séculos do cristianismo, quando lhes foi prometido o martírio e receberam a unção do Espírito Santo. «Eu mesmo vos darei uma boca e uma sabedoria a que todos os vossos inimigos não poderão resistir.» Santo Agostinho testemunha a inspiração da música: «Como que transportados por um sentimento demasiado intenso para ser expresso por palavras, os cantores libertam-se das sílabas e espalham-se em sons de júbilo. A quem convém este júbilo, senão ao Deus inefável? Inefável é o que não pode ser expresso por palavras.»

Cantai o Kyrie, o Glória e o Credo o melhor que puderdes, e mesmo o Intróito ou o Ofertório. A Igreja precisa das vossas vozes para dizer a Deus o inefável.

 

P. Lionel Héry, FSSPX