O altar da Missa

Fonte: Distrito de Espanha e Portugal

A Missa católica, sacrifício do Novo Testamento, é celebrada sobre um altar. No mínimo, este altar tem, no seu centro, uma pedra consagrada pelo bispo e incrustada com relíquias de santos mártires. Sem esta pedra, a que se chama «altar portátil», é proibido celebrar a Missa. A maior parte das igrejas são elas próprias consagradas, sobretudo se forem catedrais ou igrejas paroquiais. Neste caso, todo o altar é consagrado, desde que seja de pedra.

As origens do altar remontam ao Antigo Testamento, quando Adão, Abel e Noé ergueram altares de pedra para Deus e ofereceram sacrifícios que eram muito agradáveis a Deus, porque anunciavam a realidade que hoje possuímos: a Missa. A outra origem vem das primeiras Missas celebradas nas catacumbas durante a perseguição romana: os sacerdotes celebravam os mistérios em subterrâneos (criptas) sobre a pedra tumular onde jazia o corpo de um mártir na cavidade de um nicho (abside). Deste modo, ficou clara a ligação entre a imolação de Cristo e a da Igreja, entre o sacrifício da Cabeça e o dos membros.

Após a perseguição, as igrejas foram construídas conservando estes elementos: altar, pedra, mártires. Foi imediatamente acrescentada uma conveniência simbólica: a orientação. O sacerdote celebra a Missa virado para o Oriente. O Sol que nasce no Leste simboliza magnificamente a vinda de Cristo para dissipar as trevas. A Missa é, portanto, oferecida a Deus, em louvor de Cristo, para O qual o sacerdote e os fiéis estão virados. Efectivamente, tanto em casa como nas igrejas, os primeiros cristãos rezavam sempre para a cruz colocada a Oriente, em memória de Cristo, cuja Cruz foi erigida a Ocidente, diante da muralha ocidental de Jerusalém. Quando o sacerdote sobe ao altar no início da Missa, e antes de o incensar, inclina-se e beija a pedra, dizendo duas orações, uma e outra pedindo a purificação e a remissão dos seus pecados. Invoca os mártires, cujos méritos são poderosos, para obter o perdão. Beija as suas relíquias para os saudar, mas também para saudar Cristo, representado pelo próprio altar. O altar é revestido de três toalhas de linho, para recordar o corpo de Cristo sepultado. Deste modo, o altar da Missa identifica-se com Cristo imolado, sepultado e glorificado. «Introíbo ad altáre Dei»: Eu irei até ao altar de Deus.

 

P. Lionel Héry, FSSPX