A Imaculada e o liberalismo

Fonte: Distrito de Espanha e Portugal

A 18 de Junho de 1871, Pio IX, o Papa que proclamou o dogma da Imaculada Conceição, recebeu uma delegação francesa chefiada por Mons. Forcade, Bispo de Nevers. As palavras que dirigiu a estes católicos franceses nessa ocasião são cheias de ensinamentos:

«Sabeis o quanto amo a França. Posso, pois, dizer-vos a verdade com franqueza; é mesmo necessário que vo-la diga. O ateísmo nas leis, a indiferença em matéria de Religião, essas máximas perniciosas chamadas católicas liberais, são as verdadeiras causas da ruína dos estados e foram elas que precipitaram a França. Crede-me, o mal que vos assinalo é ainda mais terrível do que a revolução, do que mesmo a Comuna! Sempre condenei o liberalismo católico e condená-lo-ia quarenta vezes mais se fosse preciso! (…) Devemos praticar a caridade, sem dúvida; fazer tudo o que pudermos para trazer de volta aqueles que se perderam, tudo bem; mas não é necessário partilhar as suas opiniões para o fazer.»

Quarenta anos mais tarde, Mons. Delassus expôs também o perigo do liberalismo em termos que mostram como este erro se opõe irredutivelmente à devoção à Imaculada Conceição:

«O liberalismo não é uma heresia qualquer; é a heresia própria e pessoal de Satanás, pois consiste, para a criatura, em usurpar em proveito próprio a independência e a soberania que só pertencem a Deus, desde toda a eternidade, e na ordem dos tempos a Nosso Senhor Jesus Cristo. (…) Isto mostra como o liberalismo moderno difere de tudo o que o precedeu em termos de rebelião e pecado. (…) O liberalismo chama o “homem do pecado” e prepara o caminho para o Anticristo.» (Mons. Delassus, La Conjuration antichrétienne, 1910).

Finalmente, em 1917, o Rev. P. Humbert Clérissac mostrou como o liberalismo era uma doença do espírito:

«Em tempos (…) de liberalismo, é a plenitude do espírito que falta. Esta falta de integridade do espírito (…) explica-se psicologicamente por dois traços evidentes: os liberais são receptivos e febris; receptivos, porque assumem com demasiada facilidade os estados de espírito dos seus contemporâneos; febris, porque, com medo de ofender esses vários estados de espírito, estão numa contínua ansiedade apologética; parecem sofrer eles próprios com as dúvidas que combatem; não têm suficiente confiança na verdade; querem justificar, demonstrar, adaptar ou mesmo desculpar demasiado. Este nervosismo e esta febre não são uma homenagem suficientemente pura à verdade, indicam uma relação demasiado imperfeita com ela, diminuem a fé na missão recebida e debilitam a graça.»

Por isso, formemos as nossas mentes contra este veneno, que, infelizmente, nos é incutido pelo ambiente em que vivemos. O pior perigo para um doente é a negação da sua doença.

Imploremos à Imaculada Conceição que reine sobre as nossas inteligências.

 

P. Thierry Legrand, FSSPX