A genuflexão

Fonte: Distrito de Espanha e Portugal

A igreja em que entramos é a «Casa de Deus», não apenas um lugar reservado à Sua divina conversa, mas o lugar da Sua residência eucarística. Deus está presente. Saudamo-l’O com um gesto perfeitamente verdadeiro e muito apropriado: a genuflexão. O liturgista M. Hébert, sacerdote de São Sulpício, escreve: «Ajoelhar-se é a atitude humilde do suplicante, do pecador arrependido, da criatura diante do seu criador».

A genuflexão, no entanto, é mais do que uma atitude: é um gesto litúrgico prescrito pela Igreja. Faz parte de uma lista de reverências, a maior parte das quais diz respeito aos clérigos que participam numa Missa ou num Ofício. Há inclinações para o celebrante, para a Cruz e para os fiéis. Estas inclinações não são todas iguais: há as profundas (inclina-se o tronco), as simples (só se inclina a cabeça), as medíocres (a cabeça e os ombros)... A propósito, a genuflexão: dobra-se o joelho direito até ao chão sem inclinar a cabeça.

A genuflexão é reservada a Deus, a Quem adoramos. Por isso, devemos fazer uma genuflexão quando entramos e saímos da igreja para saudar Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento, no sacrário, ou quando passamos em frente do sacrário ao circular pela igreja.

Quando o Santíssimo Sacramento está exposto à adoração dos fiéis, é preciso fazer uma genuflexão dupla: põem-se os dois joelhos no chão e inclina-se apenas a cabeça (não os ombros nem o tronco), para assinalar ainda mais a adoração. Note-se que esta genuflexão dos dois joelhos é prescrita ao entrar e sair da igreja, ou da capela, ou do coro onde o Santíssimo Sacramento está exposto; e não depois, ao atravessar a igreja. Se eu passar em frente do Santíssimo Sacramento, faço simplesmente a genuflexão; se sair do meu banco para me confessar, não faço genuflexão nenhuma.

A hierarquia dos tipos de reverência significa duas coisas:

  • Que a caridade que une os cristãos a Cristo e os cristãos entre si é regida pela ordem, pelo respeito e pela verdade das relações que nos distinguem. Para começar, Deus é Deus. A Igreja não é um grupo de amigos, mas a família de Deus.
  • Que Deus é honrado tanto por gestos exteriores de reverência como pela obediência às regras que a tradição da Igreja sabiamente codificou ao longo dos tempos.

 

P. Lionel Héry, FSSPX