Porque é que S. Pio X é o padroeiro da Fraternidade?
Quando o Arcebispo Marcel Lefebvre criou a sua fraternidade para formar sacerdotes, porque é que escolheu o Papa S. Pio X como padroeiro?
Por ocasião da comemoração do dies natalis – o aniversário da entrada no Céu – de S. Pio X, muitos tradicionalistas de todo o mundo podem estar curiosos quanto aos motivos que levaram o Arcebispo Lefebvre a escolhê-lo como padroeiro da sua Fraternidade.
No início dos anos 70, nos anos de nascimento da nossa Fraternidade, o nome de S. Pio V estava na boca de todos, já que em todo o mundo os fiéis construíam ou transformavam celeiros em bastiões de tradições para celebrar a chamada Missa de S. Pio V. O seu nome tornou-se predominante, pois depressa se tornou muito claro que «toda a luta entre Écône e Roma dependia da Missa de sempre».
No entanto, o fundador do novo instituto mencionou claramente S. Pio X nos seus estatutos e formulou as suas razões no papel. Neles, explica que o objectivo das actividades da Fraternidade é: «Todas as obras necessárias para a formação dos sacerdotes e tudo o que lhe diz respeito». Os seminários devem ter cuidado para que a formação «atinja o seu objectivo principal: a santidade do sacerdote, juntamente com conhecimentos suficientes». É por isso que a Fraternidade foi colocada sob o patrocínio de S. Pio X: a preocupação primordial deste santo Papa era a integridade do sacerdócio e a santidade que dele brotava[1].
O nosso superior raramente abordava a questão, a não ser que alguns sacerdotes mais velhos lhe tivessem feito confidências que ele não considerava útil repetir mais tarde. É certo que ele se referia muitas vezes à crise actual da Igreja como sendo uma heresia neomodernista e desenvolvia os ensinamentos de S. Pio X na Pascendi, que lançava um golpe aparentemente mortal no modernismo da época. Era natural que o último Papa canonizado, que lutou vigorosamente contra a recorrente heresia modernista, encontrasse um eco profundo na alma do arcebispo, especialmente por ter sido canonizado por nada menos que Pio XII.
Até os comunistas tiveram de reconhecer a sua grandeza, não tanto como indivíduo mas como Papa. Jean Jaurès, do jornal comunista L’Humanité, disse o seguinte sobre ele:
A sua agenda política era muito simples: restaurar todos os valores da Fé com firmeza apostólica. Pôde cumprir esta agenda com autoridade, dada a simplicidade da sua alma e a sinceridade das suas virtudes, que são inquestionáveis. Qualquer que seja a forma como o olhemos, temos de concordar que foi um grande Papa.
Este foi um Papa apostólico que conseguiu conjurar a heresia mais mortífera que a Igreja alguma vez suportou.
Este aspecto, talvez acima de todos os outros, explica a escolha de Giuseppe Sarto como padroeiro da fraternidade sacerdotal do Arcebispo Lefebvre.
[1] Da biografia de Mons. Lefebvre escrita por Mons. Tissier de Mallerais.
Fonte: Distrito dos Estados Unidos da América da FSSPX