Porque é que eu amo a Fraternidade

Fonte: Distrito de Espanha e Portugal

[…] Caros fiéis, porque é que eu amo a Fraternidade de São Pio X? Amo-a, antes de mais, porque foi aprovada pela Igreja, a 1 de Novembro de 1970, por Mons. Charrière, Bispo de Friburgo, como sociedade de vida comum sem votos; aprovada pela Igreja e injustamente suprimida, invalidamente suprimida. Esta Fraternidade de São Pio X continua a existir canonicamente, digam o que disserem os outros. Por isso, amo-a porque foi aprovada pela Igreja.

Mons. Lefebvre, seu fundador, costumava dizer-nos: «Nunca teria feito nada sem a autorização de um bispo local». Recebeu a autorização do Bispo de Friburgo, na Suíça. Porquê a Suíça? Como recompensa pela generosidade dos católicos suíços para com as missões de Dakar, porque a generosidade dos católicos suíços tinha permitido pagar a missão e a Igreja de Fatick, no Senegal. E para agradecer aos seus bispos, especialmente a Mons. Charrière, Bispo de Friburgo, Mons. Lefebvre convidou-o a vir consagrar solenemente a Igreja de Fatick. Desde então, Mons. Charrière e Mons. Lefebvre permaneceram amigos. De tal modo que, em 1969, quando Mons. Lefebvre se apresentou no Bispado de Friburgo, foi acolhido de braços abertos pelo Bispo de Friburgo, que lhe permitiu plantar a sua vinha e o seu seminário em Friburgo, e implantar a sua Fraternidade na Suíça. E assim foi. A recompensa da generosidade dos católicos suíços. É a Providência. É por isso que eu amo a Fraternidade. É uma recompensa do bom Deus.

Em segundo lugar, porque esta Fraternidade desenvolveu a vida em comum do clero; sacerdotes vivendo em comum. Isto não era comum na Igreja, mas era a melhor tradição da Igreja. Os sacerdotes devem viver em comum, como nós fazemos, isto é, uma vida comum de mesa, certamente, de dormitório, se quiserem, mas, sobretudo, de oração e de apostolado. As três horas do Breviário e o terço diário são rezados em comum, e o apostolado é feito em comum, organizado em conjunto. Para uma maior santidade e uma maior eficácia, a ideia genial de Mons. Lefebvre: uma sociedade de vida em comum sem votos.

Amo também a Fraternidade porque ela atraiu a vida religiosa à sua volta: as nossas Oblatas, as Irmãs da Fraternidade, os nossos Irmãos e uma série de outras comunidades, sociedades religiosas que se desenvolveram à sombra, por assim dizer, da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X. É por isso que eu amo a Fraternidade, porque ela ama a vida religiosa.

Amo a Fraternidade Sacerdotal porque ela é sacerdotal. É isso que é essencial, é essa a sua definição, porque a crise da Igreja, digamos a crise na Igreja, é muito simplesmente a crise da identidade sacerdotal. Quando os sacerdotes perderam de vista aquilo para que foram feitos, primeiro deitaram fora a batina, depois deitaram fora o latim, deitaram fora tudo, e, finalmente, deitaram fora o seu coração, deitaram fora a sua fé. Por isso, Mons. Lefebvre disse que não, temos de manter o sacerdócio na sua pureza doutrinal e na sua caridade missionária. A Fraternidade de São Pio X é sacerdotal, dedicada à celebração do Sacrifício da Missa, à Realeza Social de Nosso Senhor Jesus Cristo, porque Jesus reinou e reina através do madeiro da Sua Cruz e, portanto, pela Missa, que é a continuação sacramental do sacrifício do Calvário. É por isso que eu amo a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, porque ela é verdadeiramente sacerdotal.

Amo a Fraternidade de São Pio X porque o seu santo padroeiro é São Pio X, o último Papa canonizado, que se dedicou de todo o coração aos seus sacerdotes, aos sacerdotes da Igreja Católica, na sua exortação Hærent Animo, que é um magnífico resumo do espírito sacerdotal; porque São Pio X condenou o modernismo, anunciando que não tinha acabado, pois esta heresia estava no coração e nas veias da Igreja Católica. O modernismo não podia ser arrancado de um dia para o outro. E também porque São Pio X restabeleceu a ordem na Igreja, e é isso que nos falta actualmente. É por isso que eu amo a Fraternidade.

Amo a Fraternidade de São Pio X porque o seu fundador, Mons. Lefebvre, deu-nos um regulamento, deu-nos estatutos, constituições, regras muito sábias, que Roma aprovou, até elogiou, as sapientes normæ, numa carta do Cardeal Wright, Prefeito da Congregação para o Clero, em 1971. Um elogio das constituições da Fraternidade que cabem em vinte páginas, vinte páginas como um resumo de espiritualidade sacerdotal, onde tudo está dito. E continuamos a vivê-las hoje, sem ter mudado nada. Funciona. Quem é que escreveu isto? Mons. Lefebvre, com um golpe de caneta em Roma. Não é maravilhoso?

Amo a Fraternidade Sacerdotal porque ela encontrou o ideal da formação sacerdotal nestes seminários tradicionais, como sempre se fez nos seminários, ou seja, combinando doutrina e piedade. Piedade solidamente baseada na doutrina e uma vida litúrgica, amando as belas e solenes cerimónias litúrgicas. É por isso que amo a Fraternidade de São Pio X.

Também amo a Fraternidade, caros fiéis, porque Mons. Lefebvre, com uma ideia de génio, estabeleceu um ano de espiritualidade no seminário como um noviciado para dar a estes jovens uma vida espiritual, para lhes explicar os princípios e fazê-los viver estes princípios da vida espiritual católica, os princípios da Igreja e não os princípios de Mons. Lefebvre, não; os princípios da Igreja e de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Também amo a Fraternidade de São Pio X porque Mons. Lefebvre, com outra ideia brilhante, quis que fosse dado um curso especial, para além de São Tomás de Aquino na sua Summa, obviamente, mas um curso especial sobre os Actos do Magistério da Igreja, ensinando as encíclicas de todos esses grandes Papas que, desde o século XIX até às vésperas do Concílio, tinham transmitido a doutrina da Igreja sobre os erros modernos, o liberalismo, o modernismo e o socialismo. E a partir daí, todos os anos, os seminaristas receberam este ensinamento das encíclicas dos Papas, verdadeiros sucessores de Pedro.

Também amo a Fraternidade porque a Divina Providência trouxe a Écône o Rev. P. Barrielle, com os Exercícios de Santo Inácio. Desde então, amamos Santo Inácio e somos capazes de fazer o que antigamente só os jesuítas, os especialistas, podiam fazer. Somos capazes de pregar os Exercícios de Santo Inácio. Não é extraordinário, caros fiéis? E todos vós sois convidados a ir muitas vezes às casas de retiro onde se pregam estes Exercícios de Santo Inácio, que são uma maravilha, não só para converter os pecadores, mas para fazer santos. Vão aos Exercícios de Santo Inácio, inscrevam-se em Enney ou em França.

Amo a Fraternidade, enfim, caros fiéis, porque se lançou no combate da fé. Não hesitou, não teve medo de se lançar corajosamente, com o risco de uma condenação injusta, no combate da fé a que nos exorta o apóstolo São Paulo. E nós continuamos no combate da fé. Graças a Deus por isso. Assim, apesar de si mesma, porque não foi fundada para combater, foi fundada para transmitir o sacerdócio, apesar de si mesma, mas de boa vontade, tornou-se uma guerreira. Eu amo a Fraternidade porque é guerreira, porque faz a guerra por Cristo Rei, e isso não é pouco.

Amo a Fraternidade, por assim dizer, para resumir, porque é o último bastião que resta para resistir, para se manter firme, para dizer não à apostasia conciliar e pós-conciliar. É um último bastião precioso, e o nosso primeiro dever é, portanto, protegê-lo contra todas as contaminações modernistas. O nosso primeiro dever é guardar este bastião para o futuro, para a Igreja. [...]

† Bernard Tissier de Mallerais, FSSPX