Mons. Lefebvre explica a Extrema-Unção

Fonte: Distrito de Espanha e Portugal

O sentido pastoral de Mons. Lefebvre torna o ensinamento da Igreja sobre este sacramento acessível a todos os fiéis.

A Extrema-Unção assusta muitas vezes as pessoas. Muitas pessoas pensam imediatamente na morte assim que se fala da Extrema-Unção. E muitas vezes os que estão à volta do doente têm mais medo do que o próprio doente.

A quem deve ser administrada a Extrema-Unção? Este é um ponto importante a ter em conta, porque muitas vezes se cometem erros neste domínio. A Extrema-Unção deve ser dada a uma pessoa doente e por causa de uma doença que, eventualmente, possa levar à morte. O Concílio de Trento estipula: «Outro ponto que os fiéis devem aprender. Este sacramento destina-se a todos, mas exceptuam-se certas classes de pessoas a que não pode ser administrado. Em primeiro lugar, são excluídas as pessoas que estejam em gozo de perfeita saúde. Não se deve administrar-lhes a Extrema-Unção, de acordo com o ensinamento do Apóstolo: “Há algum enfermo entre vós?” Prova-o também um simples raciocínio, porquanto foi instituída para remédio, não só da alma, mas também do corpo.»1

Um dos efeitos do sacramento da Extrema-Unção é, portanto, não só restituir a saúde à alma, apagar os pecados, mas também dar saúde ao corpo. Isto está escrito textualmente no discurso de São Tiago: «Algum de vós está doente? Chame os presbíteros da Igreja e que estes orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente e o Senhor o aliviará» (Tg 5, 14-15), o Senhor o aliviará também no seu corpo.

De facto, é comum que os doentes experimentem uma verdadeira renovação da saúde depois do sacramento da Extrema-Unção. Entre os que a receberam, há muitos que estão agora muito bem de saúde, mas mesmo quando este estado não dura, o bom Deus permite assim ao moribundo fazer uma verdadeira oferta da sua vida, com consciência e coragem.

Em todo o caso, um dos primeiros efeitos é o perdão dos pecados. Outro efeito é dar paz de espírito. «De outro lado, nada contribui tanto para uma morte tranquila como o lançarmos fora a tristeza e aguardarmos com alegria a vinda do Senhor, prontos a restituir-Lhe de boa vontade o nosso depósito em qualquer hora que o queira exigir. Ora, o sacramento da Extrema-Unção tem por efeito livrar dessa angústia os corações dos fiéis, e encher-lhes a alma de santa e piedosa alegria.»2

Esta paz da alma provém do facto de o sacramento dissipar as ideias, as imaginações, os medos e as angústias que o demónio procura dar à alma. Antes da morte, o demónio tenta fazer com que a alma acredite que vai ser condenada. Ele faz tudo o que pode para despertar na alma sentimentos que a façam pecar e a coloquem de novo sob o seu poder, mas, «com a Extrema-Unção, (...) a alma toma novo alento pela esperança na bondade divina e, assim confortada, suporta mais facilmente todos os incómodos da doença e com menos custo desfaz a rija astúcia do próprio demónio, que lhe insídia o calcanhar.»2

Quando penso em todos os moribundos que receberam um sacerdote que lhes veio trazer a consolação do sacramento da Extrema-Unção, a consolação da Comunhão, do Viático. Estas almas foram consoladas e preparadas para receber a graça da perseverança final.

 

† Marcel Lefebvre

  • 1Catecismo do Concílio de Trento, Cap. VI, § 9.
  • 2a2bCatecismo do Concílio de Trento, Cap. VI, § 14.